quarta-feira, 23 de abril de 2008

12/04/2008

CULTURA E RELIGIÃO


No dia 12 de Abril, a formação do grupo JEM foi dada por um leigo missionário, o Paulo Rocha. Ele, com a sua experiência na Tanzânia, veio-nos falar de rituais africanos e ainda do facto da sua cultura ser totalmente diferente da nossa.

Primeiro a educação. Na Tanzânia, a educação é muito diferente da nossa. Existe uma rigidez exagerada em que não há partilha de conhecimento, onde o professor só faz perguntas e os alunos a respondem. Aqui, no ocidente, é tudo muito diferente, há a partilha, as brincadeiras e até chega a ver alguma falta de respeito entre alunos e professores. Algo impensável na Tanzânia.

Na sua escola, o Rocha reparou que as raparigas, a maior parte delas, com 12/13 anos, saíam da escola. Ele não sabia porque e contou-nos que na Tanzânia as raparigas casam com essa idade e desistem da escola. De facto, em Africa as mulheres sofrem muito, como por exemplo na tribo Massai, onde existe mutilação genital feminina, algo que a todos nos deixa estupefactos. Mas o ocidente deve tentar perceber o porque destes actos, o porque… o porque da mutilação é basicamente cortar a fonte de prazer as mulheres para não irem fazer amor com outros homens. Por incrível que pareça é uma espécie de tesouro que os homens Massai tentam proteger.

Falamos muito de África, mas noutros lugares do mundo existem rituais que as pessoas do ocidente acham de todo inacreditáveis. Na China por exemplo, as mulheres com os pés mais pequenos são consideradas as mais “sensuais”, então desde pequenas, usam uma espécie de calçado em madeira muito apertado, obrigando o pé a ficar comprimido e desse modo, não cresce, deformando-se. Algo muito estranho para a nossa cultura, mas normalíssimo para a dele.

Muito mais foi falado e discutido, onde chegou-se à conclusão que são temas que a maior parte das pessoas não tem conhecimento. Mas nós, nós temos!

Todos estes exemplos não nos fazem ficar indiferentes, mas como é que nos, missionários, devemos reagir perante estes rituais? A pergunta fica no ar.


Luis Rosa


2 comentários:

Anónimo disse...

O que fazer perante este tipo de situação?

Trata-se de uma daquelas perguntas que a partir do momento em que nos é feita, dá voltas e voltas na nossa cabeça e torna-se uma tarefa muito complicada dar-lhe uma resposta concreta e absoluta.
Se vamos por um lado estraga num ponto, se vamos por outro estraga noutro.
É difícil, diria até que praticamente inalcançável, encontrar uma forma de terminar com estas práticas que aos nossos olhos são totalmente absurdas.

O caminho passa primeiro por nos pormos no lugar dessas pessoas, dessas tribos. O que para nós é completamente vazio de significado para eles pode não ser, e nós não temos o direito de chegar lá e implantar aquilo que nós temos concessionado como certo.
É claro que também se torna doloroso ver este tipo de rituais acontecerem e não nos manifestarmos. Até porque ao admitirmos isto, estamos a dar vantagem ao sofrimento e à dor, e acabamos por não expandir o amor, como o deveríamos fazer.

Por isso, há que encontrar um meio termo, meter pés ao caminho e avançar com o diálogo, tentar perceber ao certo o porquê daqueles actos despropositados (para nós). E depois, ‘conhecendo bem o terreno que pisamos’, tentar mostrar as consequências desastrosas que aqueles actos têm e que aquilo que para eles parece ter grande significado e nortear uma vida, se calhar não tem assim tanto. Talvez se trate duma mera forma de se sentirem mais homens e mulheres, mas que na verdade em nada o concretiza.

Também existe o facto de ao agirmos assim, estarmos a extinguir uma tribo. Quanto a este facto, trata-se mais uma vez de um daqueles pontos em que se tem de balançar os prós com os contras e ver qual o prato que pesa mais.
Pensar que existem mulheres e homens a sofrer constantemente por algo que se criou para aumentar o ego ou proteger de forma primitiva e inconsciente as suas amadas, levam-me a crer que a o prato dos prós vence, e que embora o conceito de extinção esteja permanentemente ligado à negatividade, neste caso, seria a decisão mais acertada.

Por isso, volto a corroborar que ‘Não há nada como o meio termo’. Nada que substitua o diálogo, a consciencialização e a expansão do amor.

Anónimo disse...

Na minha opinião penso que com um bom diálogo e com a tentativa de compreensão podemos chegar a algum ponto.
Se a resposta não for a mais esperada, devemos então aceitar o modo de agir e pensar dessas tribos. Se pensarmos bem, eles fazem o que fazem porque acreditam em algo. Não vamos ser nós quem vai tirar a força de acreditar de povos com culturas de longa data.